# Chrome Exploiting {{#include ../banners/hacktricks-training.md}} > Esta página fornece uma visão geral de alto nível, mas **prática**, de um fluxo de trabalho de exploração "full-chain" moderno contra o Google Chrome 130, baseado na série de pesquisas **“101 Chrome Exploitation”** (Parte-0 — Prefácio). > O objetivo é fornecer aos pentesters e desenvolvedores de exploits o conhecimento mínimo necessário para reproduzir ou adaptar as técnicas para sua própria pesquisa. ## 1. Recapitulação da Arquitetura do Chrome Entender a superfície de ataque requer saber onde o código é executado e quais sandboxes se aplicam. ``` +-------------------------------------------------------------------------+ | Chrome Browser | | | | +----------------------------+ +-----------------------------+ | | | Renderer Process | | Browser/main Process | | | | [No direct OS access] | | [OS access] | | | | +----------------------+ | | | | | | | V8 Sandbox | | | | | | | | [JavaScript / Wasm] | | | | | | | +----------------------+ | | | | | +----------------------------+ +-----------------------------+ | | | IPC/Mojo | | | V | | | +----------------------------+ | | | | GPU Process | | | | | [Restricted OS access] | | | | +----------------------------+ | | +-------------------------------------------------------------------------+ ``` Layered defence-in-depth: * **V8 sandbox** (Isolate): permissões de memória são restritas para evitar leitura/escrita arbitrária de JS / Wasm JITado. * A divisão **Renderer ↔ Browser** é garantida via passagem de mensagens **Mojo/IPC**; o renderer não tem acesso nativo ao FS/rede. * **OS sandboxes** contêm ainda mais cada processo (Níveis de Integridade do Windows / `seccomp-bpf` / perfis de sandbox do macOS). Um atacante *remoto*, portanto, precisa de **três** primitivas sucessivas: 1. Corrupção de memória dentro do V8 para obter **RW arbitrário dentro do heap do V8**. 2. Um segundo bug permitindo que o atacante **escape do sandbox do V8 para a memória completa do renderer**. 3. Um escape final do sandbox (geralmente lógica em vez de corrupção de memória) para executar código **fora do sandbox do Chrome OS**. --- ## 2. Stage 1 – WebAssembly Type-Confusion (CVE-2025-0291) Uma falha na optimização **Turboshaft** do TurboFan classifica incorretamente os **tipos de referência WasmGC** quando o valor é produzido e consumido dentro de um *único loop de bloco básico*. Efeito: * O compilador **ignora a verificação de tipo**, tratando uma *referência* (`externref/anyref`) como um *int64*. * Wasm elaborado permite sobrepor um cabeçalho de objeto JS com dados controlados pelo atacante → addrOf() & fakeObj() **primitivas AAW / AAR**. PoC mínima (excerto): ```WebAssembly (module (type $t0 (func (param externref) (result externref))) (func $f (param $p externref) (result externref) (local $l externref) block $exit loop $loop local.get $p ;; value with real ref-type ;; compiler incorrectly re-uses it as int64 in the same block br_if $exit ;; exit condition keeps us single-block br $loop end end) (export "f" (func $f))) ``` Otimização de gatilho e objetos de spray a partir do JS: ```js const wasmMod = new WebAssembly.Module(bytes); const wasmInst = new WebAssembly.Instance(wasmMod); const f = wasmInst.exports.f; for (let i = 0; i < 1e5; ++i) f({}); // warm-up for JIT // primitives let victim = {m: 13.37}; let fake = arbitrary_data_backed_typedarray; let addrVict = addrOf(victim); ``` Resultado: **leitura/gravação arbitrária dentro do V8**. --- ## 3. Etapa 2 – Escapando do Sandbox do V8 (issue 379140430) Quando uma função Wasm é compilada em nível superior, um **wrapper JS ↔ Wasm** é gerado. Um bug de incompatibilidade de assinatura faz com que o wrapper escreva além do final de um objeto **`Tuple2`** confiável quando a função Wasm é reotimizada *enquanto ainda está na pilha*. Sobrescrever os 2 × campos de 64 bits do objeto `Tuple2` resulta em **leitura/gravação em qualquer endereço dentro do processo Renderer**, efetivamente contornando o sandbox do V8. Passos chave na exploração: 1. Colocar a função no estado **Tier-Up** alternando código turbofan/baseline. 2. Acionar o tier-up enquanto mantém uma referência na pilha (`Function.prototype.apply`). 3. Usar AAR/AAW da Etapa-1 para encontrar e corromper o `Tuple2` adjacente. Identificação do wrapper: ```js function wrapperGen(arg) { return f(arg); } %WasmTierUpFunction(f); // force tier-up (internals-only flag) wrapperGen(0x1337n); ``` Após a corrupção, possuímos um **primitivo R/W do renderizador** totalmente funcional. --- ## 4. Etapa 3 – Escape do Sandbox do OS do Renderizador (CVE-2024-11114) A interface IPC **Mojo** `blink.mojom.DragService.startDragging()` pode ser chamada do Renderizador com parâmetros *parcialmente confiáveis*. Ao criar uma estrutura `DragData` apontando para um **caminho de arquivo arbitrário**, o renderizador convence o navegador a realizar um arrastar e soltar *nativo* **fora do sandbox do renderizador**. Abusando disso, podemos programaticamente “arrastar” um EXE malicioso (anteriormente colocado em um local gravável por qualquer um) para a Área de Trabalho, onde o Windows executa automaticamente certos tipos de arquivo assim que são soltos. Exemplo (simplificado): ```js const payloadPath = "C:\\Users\\Public\\explorer.exe"; chrome.webview.postMessage({ type: "DragStart", data: { title: "MyFile", file_path: payloadPath, mime_type: "application/x-msdownload" } }); ``` Nenhuma corrupção de memória adicional é necessária – a **falha de lógica** nos dá execução arbitrária de arquivos com os privilégios do usuário. --- ## 5. Fluxo Completo da Cadeia 1. **Usuário visita** página da web maliciosa. 2. **Etapa 1**: Módulo Wasm abusa do CVE-2025-0291 → V8 heap AAR/AAW. 3. **Etapa 2**: Incompatibilidade de wrapper corrompe `Tuple2` → escapa do sandbox V8. 4. **Etapa 3**: `startDragging()` IPC → escapa do sandbox do OS & executa o payload. Resultado: **Execução Remota de Código (RCE)** no host (Chrome 130, Windows/Linux/macOS). --- ## 6. Configuração de Laboratório e Depuração ```bash # Spin-up local HTTP server w/ PoCs npm i -g http-server git clone https://github.com/Petitoto/chromium-exploit-dev cd chromium-exploit-dev http-server -p 8000 -c -1 # Windows kernel debugging "C:\Program Files (x86)\Windows Kits\10\Debuggers\x64\windbgx.exe" -symbolpath srv*C:\symbols*https://msdl.microsoft.com/download/symbols ``` Flags úteis ao iniciar uma build de *development* do Chrome: ```bash chrome.exe --no-sandbox --disable-gpu --single-process --js-flags="--allow-natives-syntax" ``` --- ## Conclusões * **WebAssembly JIT bugs** continuam sendo um ponto de entrada confiável – o sistema de tipos ainda é jovem. * Obter um segundo bug de corrupção de memória dentro do V8 (por exemplo, incompatibilidade de wrapper) simplifica muito a **escapada do sandbox do V8**. * Fraquezas em nível lógico nas interfaces IPC privilegiadas do Mojo são frequentemente suficientes para uma **escapada final do sandbox** – fique atento a bugs *não relacionados à memória*. ## Referências * [101 Chrome Exploitation — Part 0 (Prefácio)](https://opzero.ru/en/press/101-chrome-exploitation-part-0-preface/) * [Arquitetura de segurança do Chromium](https://chromium.org/developers/design-documents/security) {{#include ../banners/hacktricks-training.md}}